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terça-feira, novembro 24, 2009

Nesta sexta: Samblues Trio no Piaf Bistrô


Amigos,
O Samblues Trio formado por mim(voz e violão), Guappo( violão e gaita) e Guima Maximiano(Violão) fará uma nova apresentação nesta sexta, dia 27 de novembro.
Será desta vez no Piaf Bistrô que fica na Alameda Franca, 303, no Jardim Paulista. faremos uma seleção de canções do mundo dos anos 30 e 40, presentes nos shows que fizemos nos ultimos dois anos. Do samba de raiz ao jazz e blues à canção francesa.
http://fernandochui.blogspot.com/
Venham ouvir!
Beijos a todos,
Chuí

(Clique no convite para ampliar a imagem)

quarta-feira, novembro 11, 2009

G. e a democracia Zepelim


Em 1978, Chico Buarque discutiu a moralidade urbana
na canção "Geni e o Zepelim".
A G. da canção, mesmo repudiada por toda a cidade,
salva a todos ao transar com um ditador
oriundo de um imenso zepelim.
Após a salvação, segue sendo ali odiada.
Quem seria a G. da vez, mais de trinta anos após a canção?

...

Desta vez, a massa quis ter G. assada com uma maçã na boca.
Clamou aos professores que deixassem G. com eles.
Os professores, que não se dizem da massa,
dizem que G. havia provocado tudo aquilo.
Por se exibir demais - em trajes até então permitidos pela escola.

...

A massa gritava uma palavra: Pu-ta! Pu-ta! Pu-ta!
Puta é, teoricamente, a mulher
que oferece seu corpo secretamente
por uma pequena quantia.
(Lembremos que puta é personagem aceita por toda sociedade.
A não ser que saia da cova. Puta pode – mas só no breu.)
Insuportável é que não seja realmente uma puta,
só uma sereia desgovernada.
Esta sim, putíssima.

...

A escola diz não ter podido fazer nada
Com aquela massa de setecentos alunos hostis.
Uma escola fruto de dois fracassos:
Das revoluções democráticas, primeiro.
Das ditaduras depois.
Com isto temos uma escola sem ideais
E ao mesmo tempo sem autoridade alguma.
Resta o caos público
e um sistema que obedece apenas
ao dinheiro dos pais dos estudantes
E à opinião popular.

...

A G. de hoje é Geisy. Não é a Geni da canção.
Aquela que é feita pra apanhar,
boa de cuspir e e dá pra qualquer um.

A G. de hoje não é uma coitada. Reivindica seus direitos.
Decotada, vai a programas de auditório.

...

Não houve Zepelim pra assediar a G. de hoje.
Mas a revista Playboy , sim.
Igualmente à G. da canção A G. de agora vai topar.
Afinal, puta não é aquela que oferece seu corpo
por destaque na mídia e um dinheiro generoso.

Assim como a massa sem nome
e a escola sem autoridade
G. não pensa no significado das coisas.

...

Uma coisa me chama a atenção:
Não houve líderes neste episódio fascista
da história da educação brasileira.
Manada, alcatéia, súcia -
a massa se liderou a si própria
Clamando pela crucificação de G.
- Joga pedra na G.!
- Joga bosta na G.!

...

A faculdade expulsou G. e voltou atrás.
Com a outra G. não houve mídia
ou propostas de grana e fama,
ela não pôde deixar de ser puta.
Seguiu sua trilha de pedra e bosta.

A Universidade - que deveria discutir a sociedade –
somente segue a dança do agora.
Se nesta mesma faculdade todas as meninas
pudessem e resolvessem ser assim, putas,
a regra ali seria este novo figurino.

...

Esta é a tal ditadura da democracia.
Funciona como a burocracia.
Ninguém manda. Mas todos têm de obedecer.

...

Uma capa de Playboy espelharia nossa política:
G.,
exuberante,
com suas partes pudendas
cobertas de pedra e bosta.
E as páginas de dentro: todas em branco.

Edição esgotada.
Consumida em segundos
por uma massa que segue a regra
criada por ninguém.


(texto e ilustração de Chuí)