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sexta-feira, maio 25, 2007

Samblues!

Amigos, Samblues na área.
Nesta quinta, dia 31 de Maio, apresentarei minha parceria com o gaitista Guappo: o show Samblues! – Música Urbana sem Fronteiras. Faremos um encontro do samba de raiz com o sentimento (ou feeling) do estilo blues, como já realizado em prévias realizadas nos últimos shows do Mandacaru de Pedra. Canções de autores como Adoniran Barbosa, Ismael Silva, Cartola e João Bosco com o acento e a interpretação inspirados no ritmo norte-americano, da sua forma mais tradicional até o seu encontro com as raízes do jazz.
Meu violão paulistano-brasileiro buscará resgatar minhas origens no Backyard´s - minha antiga banda de blues que eu tinha com meu irmão, há uns doze anos - e criar novas texturas, ao fundir-se em uma só estética urbana e sem fronteiras com a gaita inspirada, virtuosa e, ao mesmo tempo coesa de meu caríssimo Guappo, músico habituado às casas voltadas ao blues e ao jazz.
Dentro do repertório, também estão presentes canções dos meus dois discos “Feito a Mão” e “Nunca Vi Mandacaru”, como o samba-blues homônimo ao primeiro cd, o baião blues homônimo ao segundo e o blues brasileiro “Tubaína”, finalista do festival de Música da Rede Globo de 2000. O Syndikat Jazz Club fica na rua Moacir Piza, 64 - Cerq. Cesar/Jardins.
Adorarei tê-los outra vez (ou pela primeira) por perto!
Beijos a todos,
Chuí

domingo, maio 20, 2007

Eles


Na vida, o nosso diálogo mais importante
para uma compreensão mais fina da vida
é travado com os que não existem.
Grande falha, grande equívoco
cometem aqueles que segregam esses seres.
Pois são Eles, os que não existem,
os que nos salvam da psicose.
Eles nos revelam objetos e bichos
sem peles, pêlos ou cascas.
Eles escrevem livros que não existem em palavras e papéis.
Desenham formas sem suporte.
Cantam melodias matematicamente irrealizáveis.
Constróem máquinas que não têm função
sob o ponto de vista dos que existem.
Dizem tudo sem voz.
Deve ser esta a lição mais importante do mundo.
Ouvir muito bem aquilo que não está dito.
Ler aquilo que não está escrito.
Tocar a não-matéria.
Bebericar lentamente o vinho do impossível.
É de máxima importância que aprendamos mais e mais
a conversar com os que não existem.
Com o que não existe.
Conversar com os que não existem não é uma tarefa de loucos.
São chamados de loucos
aqueles que apenas preferiram não voltar,
maravilhados com o diálogo mágico com os que não existem.
Mas para os que, entre nós, realizam o contato com Eles,
o retorno é fundamental
para que se faça a sua transcrição.
Nessa hora o mundo se retraduz e se transforma,
ou então as artes seguem ampliando o seu universo paralelo.
E cada vez que uma das coisas que não existem
passa a se pronunciar na pintura da existência,
sete mil outras nascem imediatamente
do outro lado da tela.
E o mundo segue na ilusão de que o mundo de agora
não existia antes, negando a verdade,
intocável sob o prisma da ciência e da filosofia,
que nos diz que coisas que não existem
nunca deixarão de existir.
..
..
(texto e desenho de Chuí)

quarta-feira, maio 09, 2007

A Visita do Diabo à Cidade (Cordel Urbano II)


Quando o diabo visitou a cidade,
teve parada na Paulista e confete,
rádio e TV, torpedo pros celulares,
multidão e tempo real na Internet.

E os jornais narravam todo o evento.
Falavam disso de domingo a domingo.
Nos descreviam seu café da manhã.
Vendiam pôsters com a cara do gringo.

E a quarta-feira interrompeu a metrópole.
O presidente fez comício primeiro.
E de um Mercedes o demônio saiu,
num manto branco, distribuindo dinheiro.

E no palanque ele subiu imponente
e a voz rugiu no megafone vermelho.
Firmou o cenho mirando o mar de gente.
Falou pra nós como quem fala pro espelho:

“Desde o dia em que vocês me pariram,
eu digo isto e já repito de novo.
Entendam que falo pro seu próprio bem
que a razão é sempre o ópio do povo.

Vim pra dizer, vocês não têm o direito
de matar seus filhinhos, sem condolências.
A minha empresa está perdendo mercado.
Saibam que não vou tolerar concorrências.

Mas olhem dentro dos meus olhos agora.
Meu grito ecoa pela praça da Sé.
Dos seus olhinhos eu jamais olho dentro.
Olho é de dentro dos seus olhos de fé.

Eu vou-me embora, tenho muito a fazer.
Rezem o terço e façam mil orações
pra não saberem que eu nunca existi
a não ser dentro dos seus vis corações”.

Depois daquilo, o diabo voou
com seu jatinho e sua mensagem de paz
e o povo nunca se esqueceu desse dia,
porém não houve um comentário jamais.

Nunca se deu notícia daquela história
sobre a visita do diabo à cidade,
sobre o seu manto pálido qual memória,
branco de sangue lavado com piedade.
..
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(texto e desenho de Chuí)

terça-feira, maio 08, 2007

Relâmpago (Cordel Urbano I)

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"Uma sociedade que não se prepara para proteger suas crianças
no futuro deverá se preparar para se proteger delas".
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Luis Carlos de Menezes - Revista Nova Escola
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(Cerca de um mês atrás, eu tive um sonho onde eu tocava raivosamente um rock em Mi maior no violão. Hoje, ao ensaiar algumas velhas canções, lembrei-me de um texto de meu pai sobre a educação e a criminalidade infanto-juvenil. Em instantes, a noite regurgitou uma letra inteira para mim, esta que se encaixou perfeitamente ao rock onírico. Como um sapato velho a um pé torto.
Se eu tiver coragem, vou incluí-la no próximo disco.)
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Relâmpago
(Cordel Urbano I)
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Mermão, nem um pio e já pega à esquerda no farol.
Nesses próximos minuto você vai roer o osso
que eu roí pra me formar perito em desumanidades.
Sem gracinha que o meu berro tá apontado ao seu pescoço.


E aí como é que foi o seu lindo carnaval?
Pagou quanto o abadá? Fotografou o pelourinho?
Mas não tem mais festa agora, não tem cordão entre nós.
Que ironia, eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho.


Pára o carro devagar e finge que eu sou teu amigo
e já saca esse cartão e digita a senha certa.
Não se esqueça, meu irmão, melhor ter muito cuidado,
cada um cuida do seu, e o teu tá na minha reta.


É, eu sei, tu tá estranhando eu te chamar de meu irmão.
Eu sinto que te desaponto, isso tu não vai negar.
Eu sou o outro lado teu, aquele que tu não quis ver.
Tu é o outro lado meu, o que ocupou o meu lugar.


Mermão, nem um passo em falso ou um abraço, tu já era.
Já tá quase no final, mais um caixa, mais uns $1000.
Só não sei se eu te liberto, levo o carro e vou embora
ou te queimo e deixo o corpo em algum terreno baldio.


De menino eu aprendi, a cada surra que eu levei.
Hoje o destino te sussurra no ouvido, canta assim:
Se ontem tu não fez de nada pra me proteger da vida
amanhã tu te prepara pra te proteger de mim.


Mermão, agradece a Deus, hoje é teu dia de sorte.
Já reduz bem devagar e pára no acostamento
que hoje eu tô de bom humor e até que fui com a tua cara.
Eu levo os cheque e o celular, mas te deixo os documento.


Agora eu vou abrir a porta e atravessar aquela ilha
e tu não vai querer deixar tua mulherzinha de luto.
Eu volto aqui pra te pegar e todo o resto da família
se tu ousar olhar pra trás nos próximos dez minuto.
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quinta-feira, maio 03, 2007

Toda mentira

..
Um anjo é assassinado
cada vez que você chora.
(Não posso saber quem você é
pela medida do seu sofrimento)
Um santo é acorrentado
cada vez que você mente.
(Mas redescubro meu nome
ao acalentar sua dor)
Um mártir é enforcado
cada vez que você foge.
(Queria transfundir todo seu pavor
pra dentro de minhas veias)
..
(Uma, não.
Mil, um milhão;
Sejamos honestos, todas)
..
Toda mentira é esquecida
cada vez que você ri.
..
..
(texto e desenho de Chuí)

Mandacaru & SAMBLUES! no Villagio Café

Amigos, terça-feira (8 de Maio, às 21:00hs) apresentarei-me novamente, ao lado de Guima e Guappo, tocando canções dos dois discos meus e também mais um tanto da prévia do show SAMBLUES! que idealizei com Guappo. O trio estará aquecido do show que nós faremos no final de semana no SESC Rio Preto, acho que vai ser bacana.
Será no Villagio Café, uma das mais tradicionais casas de shows de São Paulo.
Adorarei vê-los por lá para um bate-papo após o show! Beijos a todos!

Villaggio Café

Endereço: Praça D. Orione 298, Bela Vista (travessa 13 de maio)Informações: 11 3251.3730