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sábado, fevereiro 09, 2008

Cordel Urbano V - Lamento de um Ateu no Ponto de Ônibus

Lamento de um Ateu no Ponto de Ônibus
(meio fado meio jazz cigano)

Canção dedicada aos canalhas profissionais
Dr. Hamer e Fabrício Carpinejar

Sempre que eu espero
o Parque Dom Pedro subir a Consolação,
vejo os cabelos dela se rabiscando na multidão.

Foi aqui neste ponto de ônibus
que eu beijei aquela morena.
E aqui mesmo eu deixei que ela me escapasse,
ai, meu Deus, que pena!

Ela estava de azul
e me perguntou sobre a linha nova do meio,
e eu lhe contei de um outro que era mais rápido
e vinha bem menos cheio.

Aí eu elogiei sua beleza,
seus olhos e sua pele de fogo.
E ela sorriu pra mim
e eu já percebi que ali tinha jogo.

Foi quando eu me arrisquei
e lancei o ósculo em sua boca.
E ela me recebeu sem defesas,
eu que não marco toca.

Ela disse que era Deus, um milagre,
que o destino era a gente ali se encontrar.
E eu acariciei suas coxas
e a chamei pra irmos a outro lugar.

Então ela me olhou
com uma expressão triste e um tanto esquisita.
Uma lágrima borrou seus olhos,
deixando-a ainda mais bonita.

Mas o diabo do lotação
chegou e ela subiu, disse: “tô atrasada”.
Vi seu semblante sumindo,
fundindo-se ao oco da madrugada.

Ai, meu senhor,
que milagre pode merecer um cara como eu?
Uma prova dada de que o mundo é bom,
quem dera eu não fosse ateu!

Ela falar de milagres
era o milagre em estado de realidade.
Mas eu era um moleque bobo,
de bobo que fui, fiquei na saudade.

Por isso eu fico parado,
de sol a sol, neste ponto de ônibus
até que eu aprenda a ser gente
ou me torne a isca dos urubus.

Fui fazer o meu tipo de “ninguém sabe o dia de amanhã”
Ela era mais esperta que eu, nem quis curar
este Don Juan.

Aqui nesta mesma via
eu ainda hei de avistá-la e sentir sua tez.
Mesmo que eu esteja idoso
ou rezando enfim pela primeira vez.

(Solo de violão no estilo Django Reinhardt)

Ai, meu senhor,
que milagre pode merecer um cara como eu?
Uma prova dada de que o mundo é bom,
quem dera eu não fosse ateu!

Sempre que eu espero
o Parque Dom Pedro subir a Consolação,
vejo os cabelos dela se rabiscando na multidão.
.
.
(letra&música&desenho = Chuí)

14 comentários:

Lena disse...

Olá Chuí!!!!
Parabéns!!! Adorei a letra... e realmente é dedicada a pessoa certa!!!rs
Espero que no próximo show você nos apresente esta nova música!!
beijos

Anônimo disse...

Oi Fernando,
adorei a letra, agora estou curiosa pra saber como ficou a música!
Ah, parabéns pelo desenho também, gostei muito! =)
Beijos

Luiza Christov disse...

Oba...fiquei curiosa pelo som, sobre o som, como será o som?
muito, muito bom este cordel!
Luiza

GRAÇA disse...

Letra, música e desenho??????
E eu disse pro Fabro que ele só não toca violão pra não ser perfeito!!!
Você, além de tudo, desenha???!!!
Abraços

Fernando Chuí disse...

O pior, Graça, é que às vezes eu desenho o Fabro...
Deixe o e-mail pra retorno na próxima, ok?
Beijos do Chuí

Anônimo disse...

Nossa, que sinergia!
Muito bacana, mas tenho uma péssima notícia:
ainda não sou profissional, imagine quando for.
(risos)

GRAÇA disse...

Já estou deixando meu e-mail pra retorno e pra você me mandar um desenho do Fabro.
Abraços
gracaoliveira3@gmail.com

Anônimo disse...

Fernando,

Os cordéis urbanos estão cada vez mais urbanos e ... inspirados !

Já estavam fazendo falta.

Abs,
Dinaura

Anônimo disse...

Adooooooro!!!;))

Bjooooo!

Anônimo disse...

=))

aaaaaaah tb quero deseim do Fabro!!

Bjãoooo!

Anônimo disse...

Chuí, o poema é bem a cara do Hamerito mesmo, mas coitadinho, você esculachou com o moço. (rs)
Espero que você se defenda amiguinho.
Beijo

Anônimo disse...

Véio,

Agradeço a homenagem. Claro que preciso entender
melhor.
Mas é sempre bom ser lembrado com um ícone da
canalhice.
Gostei do personagem pois há mais que desejo nele.
Talvez, neste sentido, seja até um Dr. Hamgter
melhorado.
Bj,

Hamer

Anônimo disse...

Quem na vida só sai de carro, já nem sabe mais o que significa "dormir no ponto"...

Belíssima a letra, preciso ouvir a música.

Menezes

Bjo do Pá

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

Isso é canção?! Oba!!!
E que bom ler coisas sobre um ateu - ainda que personagem - que não sejam tão, tão... deixa para lá! Mas ótimas, como essa!

Beijo, Fer!