
Estranhamos as coisas que não possuem nomes
por não sermos capazes de lidar com o espaço vazio.
Perdemos tempo lançando nomes,
aprendendo nomes, trocando de nomes,
ofertando nomes, pagando por nomes,
negociando nomes, lucrando com nomes,
sempre em débito com nomes.
Como se, no final do mês,
um saldo positivo de sentidos e classificações
não esvaziasse a conta de nossa própria experiência
através de nossos bolsos puídos.
E, sem que se troquem as letras,
os nomes são sempre modificados.
Seus preços, suas metas, suas negociatas.
Coisas, coisas, coisas
ainda respiram e deixam de respirar
à revelia deste mercado de ações dos sentidos.
Fazemos da linguagem uma bolsa de valores.
Mas o sentido das coisas não é uma moeda estável.
Estável, somente o espaço vazio.
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(texto e desenho: Chuí)