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terça-feira, outubro 03, 2006

Wow, The Dirty Darling! - Crônica de uma Banda de Garagem II

Wow, The Dirty Darling! era o nome de uma das primeiríssimas músicas produzidas naquela época inicial do grupo, mais precisamente no primeiro dia de nossa banda de garagem, que, para ser mais especifico ainda, não ocorreu em uma garagem, mas no quarto do Bigatto.
Esta mais que simplíssima composição instrumental surgiu como quase todas as primeiras músicas costumam surgir nas primeiras bandas de rock da vida dos garotos: da famosa escala pentatônica e do inigualável Mi power-chord.
Aos que não pertencem ao grupo dos Fiz-pelo-menos-uma-aula-de-guitarra, explico. A escala pentatônica é, grosso modo, uma série de 5 notas usada para se tocar Blues; e o Mi power-chord é tão simplesmente a sexta corda da guitarra, o chamado Mizão, tocado junto com o dedo indicador da mão esquerda na segunda casa da quinta corda. Qualquer ser humano em estado de adolescência que toca com sua palheta em uma Fender Stratocaster esse "bicorde" com intensidade, em um amplificador Marshall valvulado em alto volume de distorção, sente um pouco do que imagina ser o toque poderoso da fusão entre Deus e o Diabo.
Não era, obviamente, o nosso caso.
Naquela tarde eu toquei em uma guitarra sem nome do Bigatto(eu ainda não possuía uma), em um amplificador chamado Mikasin, ou algo que o valha, e não havia pedais de distorção. Para piorar, o Bigatto não tinha palhetas; eu precisei tocar com as unhas que, recém deixadas para a aula de violão, deram lugar, ao final da tarde, a pontas de dedos machucadas pela minha imperícia. Enquanto eu procurava manter o ritmo do novo Riff, O Bigatto cantava em inglês enquanto castigava uma batida quadrada de rock com baquetas rachadas em um velho pandeiro, herança de meu irmão André. Cristiano Ricardo, o CRS, que mais tarde tornou-se o preciosista baixista do DD, substituindo Mamel, participou deste evento inicial, tocando a linha de baixo em um teclado de brinquedo que também havia ali. Também neste primeiro encontro havia entre nós um cara que se tornou uma espécie de anti-Dartagnan do Dirty Darling, um Dartang Darling, o Mr. Américo Vespúcio. Américo na verdade se chamava Érico(apesar de eu até hoje não conseguir chamá-lo por seu nome real), foi o autor da letra do primeiro "Hit" cantado da banda, Mr. Buzzer, e ainda engrossava o coro. Hoje ele produz um dos maiores sites sobre cinema e cultura pop do país.
Nunca nos sentimos divinamente poderosos como banda e talvez seja um dos pontos mais interessantes do grupo. Ninguém ambicionava o famoso "tocar pra caralho", ninguém fazia cara de mal e nem tampouco sonhava em arranjar mulheres nos shows(Bom, talvez o Mamel...).
O mais importante ali era o encontro com o lado que considero mais interessante do rock: o paganismo sociocultural.
(continua...)

3 comentários:

Anônimo disse...

"Anti-Dartagnan do Dirty Darling"

Ahahahahahaha, muito bom!

A propósito, aguardo inéditas do Bigato e Mamel.

[ ]´s

(Am)Érico Borgo

Anônimo disse...

Chuimba, li sua crônica e a tira...por enquanto, gostei mais da tira, pois ainda não sei o que me espera no restante da dita crônica.
Biggets

Anônimo disse...

Bacana, Chuí. Até eu fui a um show da(o?) Dirty Darling!!! No Bixiga... 'Nó', quanto tempo é tempo. E tenho uma demo da banda!
As tiras estão cada vez melhores, meu caro, assim como os belos - e esteticamente singulares - dibujos tuyos et de Márcia. É arte, a arte.
I'm here.
beso,
Palena
p.s.: não fui à leitura do Fabrício Carpinejar no Corredor Literário, acabei sendo 'seqüestrada' por outro compromisso, sabe. espero que tenha sido o melhor. bons ventos!