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Há na alma algo de metal
que se funde em coisas sem nome.
Há no corpo algo de papel
que se queima ao inevitável.
Há no universo algo de plástico
que se derrete, anti-galáxia.
Há na memória algo de pano
que se eleva, bandeira em chamas.
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E há dois tipos de fogo:
um que lume
e outro que incêndio;
um que ardor
e outro destruição;
um que cauteriza
e outro que carboniza;
um que aceso
e outro que apago;
um que dança qual labareda
e outro que agoniza qual epilético;
um que calor
e outro que dor.
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Há dois tipos de fogo:
o primeiro é o mesmo que o segundo.
Filhos da mesma combustão,
da mesma fumaça -
um é pai do outro
e vice-versa.
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Cuidemos, pois, da brasa e do carvão.
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Dois,
em cada um de nós.
Que o mesmo fogo
segue os dias a cinzelar.
(Texto e desenho de Chuí)
8 comentários:
Querido Fernando,
mais um poema seu mais um assombro na minha alma, logo hoje que meu coração está em chamas. Este foi demais! beijo, Au.
Aaaaah, q desenho fantástico, Chuí!! Lindo, expressivo e ambíguo como o fogo!
"Há dois tipos de fogo:
o primeiro é o mesmo que o segundo."
=')
Forte abraço,
Lara
Lindo cara!
Gosto mesmo das coisas que vc escreve!!!
Abração e manda ver,
DM
Olá, saudades de você. Bonito poema. Beijo
Yone
O fogo é mesmo como a vida.
O fogo é mesmo como a morte.
A chama é a derradeira vida, da madeira que morreu. E a chama dança, inventa, supreende, mata e morre, como tudo o que tem vida.
Viva eu!
Viva tudo!
Viva o Chico barrigudo!
(Só os velhos, talvez, conhecerão esse refrão, que refrões também morrem)
Morro eu...
Morre tudo...
Morre o Chico barrigudo...
hummm... bela poesia...
gostei!
bjoo e boa semana!
Que legal seu blog e suas poesias!
Parabéns!
Carlos
Lindo!
"Cuidemos, pois, da brasa e do carvão.
Dois,
em cada um de nós."
eu até diria 3, além da alma e do corpo: a mente, que é do espírito!
=)
beijo!
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