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quinta-feira, setembro 20, 2007

Estrela Morta II

(Esta noite, pesquisando na internet, me deparei com esta foto da morte de uma estrela. Pensei na morte, nas estrelas, na minha própria canção. No texto de uma velha amiga que li por esses dias sobre as saudades de sua linda avó. E em uma outra pessoa querida, tristíssima com a doença de seu pai. Vieram-me à mente, não sei bem porquê, os versos lendários de Luiz Gonzaga. E uma paródia, fatal.)

Quando olhar meu corpo ardente
qual fogueira de São João,
saiba que o fogo
é como o céu, vai
se apagar, mas não morre, não.

Se ontem eu fui pó-de-estrela,
adubo amanhã a plantação.
Só tenho um corpo
e o seu amor, viu,
saudade é reencarnação.

Quando um dia lhe tocar
uma triste solidão,
espere a chuva
cair de novo
que eu torno em gotas pro seu sertão.

Até mesmo estrela morta
sobrevive sem razão.
Então não há mais
adeus, Rosinha.
Guarde no ventre esta oração.

Quando o negro dos meus olhos
se espalhar na escuridão,
eu lhe asseguro,
não chore não, viu,
que eu voltarei no seu coração.


(Imagem: fotografia da morte de uma estrela/Texto: Chuí)

16 comentários:

clarita disse...

sou a primeira. nada mais justo, por ser a velha amiga com saudade da linda avó.
me emocionei, fe! entender a morte é possível, mas muito difícil. Penso que, quando se começa a entender, deve ficar mais fácil de aceitar...Será?

Mil beijos pra vc,
Lu.

Anônimo disse...


que lindo! você é um dos "cabras da peste" mais sensível que conheço. Te gosto e admiro Muito!

Anônimo disse...

Fer, você me emociona. Sempre!!!
Beijo no coração,
Cris.

Anônimo disse...

Pois é Chuí, ainda não aprendemos a lidar com o que chamamos de morte, mas esquecemos que muitas vezes vivemos mortos diante da vida que jã é por si só tão difícil. Beijo

Anônimo disse...

A beleza metafórica talvez oculte a verdade literal do baião reescrito. Somos sim pó de estrelas: para estarmos aqui, uma supernova explodiu há 4,6 bilhões de anos e de seu pó formou-se o Sistema Solar. E de cada avó que se foi há átomos em cada nuvem, esperando pra chover. Como disse Marx, lúcido e poético, a natureza é nosso corpo inorgânico.

Anônimo disse...

Fernando querido, adorei sua conexão de texto com a imagem da estrela morta, relatada brilhantemente e com tamanha sensibilidade no seu blog. Me atingiu em cheio, principalmente pois tem a ver com a "partida " do meu pai, minha grande estrela.

Meu pai era arquiteto, passarinheiro e jogava um belo futebol. Minha mãe o conheceu num gol de bicicleta.
O mais incrível dessa história de morte e de partida é que VC tem o poder de manter as coisas vivas. Ao meu ver, há muitos vivos que têm apenas uma existência orgânica, fisiológica. Não conseguem estar na memória do outro, nas lembranças do outro, não fazem história, não deixam sua energia ou qquer fonte vibratória. Simplesmente existem como moléculas vivas. Outras porém, já se foram, mas qdo lembradas existe um disparo energético tão grande por parte de quem o lembra, que acredito que essa energia faça vibrar em algum plano até então desconhecido de nossas capacidades sensoriais e intelectuais. Bem, essas são divagações de uma filha tão apaixonada pelo seu pai...

Anônimo disse...

Bonita inspiração, Fernando.

Abs
Dinaura

Anônimo disse...

Fer,
que luz paradoxal que vc nos faz ver. Escuro luminoso!
Que bom ler também os lindos comentários.
Um beijo
Marcia

Anônimo disse...

Puxa... que lindo, Fer!
Soube que as pequenas estrelas têm vida curta. E somos todos meio estrelas, né?
Vc é uma estrela muito querida; que esse brilho perdure muito, ainda...

beijos!

Fernando Chuí disse...

Rafaela, o brilho é todo nosso ou não há brilho nenhum...

Anônimo disse...

Fernando,
o comentário da Maisa, dentre todos, comove. Ela compreendeu bem seu lindo poema. E eu soubesse expressar bem diria como ela.
Um beijo, Au.

DyNaMo disse...

hola amigo
ojala puedas ver mi blog
me interesa
y si kieres tambien mi fotolog

www.fotolog.com/cortosurbanos

muchas gracias
adios

DyNaMo

Anônimo disse...

"não chore não, viu,
que eu voltarei no seu coração."
Como quem amamos e que já partiu faz falta.
Este poema me arrancou algumas lágrimas.
A falta ainda é algo irremediável, mas as lembranças e momentos vividos são cicatrizes eternas na nossa alma. Isso não tem preço, é eterno...é amor.
Adorei.Bjo.

Fernando Chuí disse...

(Como eu não sei bem qual das queridas Tatianas que me escreve, eu retorno aqui no blog mesmo esta bela fala)
Tatiana, acho que deixar-se tocar pelas coisas - eventos ou palavras-evento - deve ser o motivo de tudo o que envolve vida e morte nesta nossa experiência individual e cósmica.
Nós, partículas efêmeras de uma trajetória de matéria e significado.
Mil beijos,
Chuí

Anônimo disse...

Brigada Fernando.
Esqueci de me indentificar.
Sempre encontro um bálsamo ou um crescimento aqui nesse blog.
Keep writing.
Bjo
Tati

Ale disse...

hola ,bueno tu blog , me gusto
soy de chile, saludos desde aqui
agregame a f/f