Quem jamais houvesse habitado, ou mesmo visto a metrópole (este estranho organismo repleto de seres correndo contra o tempo - como se o tempo fosse um poderoso vilão), por certo estranharia esses enigmáticos buracos nas laterais das calçadas.
Ao ouvir a alcunha de “boca-de-lobo”, talvez imaginasse um ser humano sendo engolido pela fera, agonizando com os braços e a cabeça ainda para fora. Quem sabe no instante seguinte vislumbrasse naquela boca outro dono, quiçá um rato a comer um pedaço de queijo.
Esse rato agora voa, é um morcego exibindo suas presas com sangue (sem dúvida sangue humano; pois que não ainda não se tem notícia do sangue da cidade). Fidel e Che, lado a lado, aguardam firmemente a próxima enchente para se entorpecerem com os nossos detritos tóxicos. Um pirata que não está só. Com apenas um olho nos vê e tem ao lado o papagaio que lhe conta piadas sobre nosso patético cotidiano. E ainda outra face que vem tragar, não o cigarro em sua mão, mas nosso próprio espírito citadino encarnado (ou empedrado?) e mau-encarado, nos baforando de volta a nossa própria poluição.
Surpreendam-se!
Estas imagens não surgiram de mentes fantasiosas de outra era ou de outro planeta, mas de jovens artistas oriundos da própria cena metropolitana.
O Projeto 6 E MEIA, dos artistas urbanos Anderson Augusto e Leonardo Delafuente, desafia a estética caótica da urbis com uma estética urbana do caos, e renova - ao trocar o suporte dos muros pelos bueiros – a própria escola do Grafite da qual fazem parte, atribuindo, com estilos próprios para além dos cânones do movimento, vida e graça a essas bocas famintas da metrópole.
Como no contundente trabalho feito sobre a tampa de concreto arrebentada onde a pintura nos mostra dentes humanos arrancados por sabe-se lá qual surra ou catástrofe urbana sofrida. 6 E MEIA nos mostra que são nossos os órgãos fraturados quando a cidade se espatifa em si.
Há nessas obras algo para além de cômico. Para além de belo. Crítico e, ao mesmo tempo, leve.
Parem tudo e olhem pra Ela! A boca do lixo não cala, faz-nos rir de nós mesmos: Refletirmo-nos - qual espelho a nos ironizar e salvar. Em plena hora do rush, o vilão agora se assombra. O relógio urbano bate 6 E MEIA em qualquer parte.
É hora de matar o tempo – com o veneno da arte.
http://www.6emeia.com/
Ao ouvir a alcunha de “boca-de-lobo”, talvez imaginasse um ser humano sendo engolido pela fera, agonizando com os braços e a cabeça ainda para fora. Quem sabe no instante seguinte vislumbrasse naquela boca outro dono, quiçá um rato a comer um pedaço de queijo.
Esse rato agora voa, é um morcego exibindo suas presas com sangue (sem dúvida sangue humano; pois que não ainda não se tem notícia do sangue da cidade). Fidel e Che, lado a lado, aguardam firmemente a próxima enchente para se entorpecerem com os nossos detritos tóxicos. Um pirata que não está só. Com apenas um olho nos vê e tem ao lado o papagaio que lhe conta piadas sobre nosso patético cotidiano. E ainda outra face que vem tragar, não o cigarro em sua mão, mas nosso próprio espírito citadino encarnado (ou empedrado?) e mau-encarado, nos baforando de volta a nossa própria poluição.
Surpreendam-se!
Estas imagens não surgiram de mentes fantasiosas de outra era ou de outro planeta, mas de jovens artistas oriundos da própria cena metropolitana.
O Projeto 6 E MEIA, dos artistas urbanos Anderson Augusto e Leonardo Delafuente, desafia a estética caótica da urbis com uma estética urbana do caos, e renova - ao trocar o suporte dos muros pelos bueiros – a própria escola do Grafite da qual fazem parte, atribuindo, com estilos próprios para além dos cânones do movimento, vida e graça a essas bocas famintas da metrópole.
Como no contundente trabalho feito sobre a tampa de concreto arrebentada onde a pintura nos mostra dentes humanos arrancados por sabe-se lá qual surra ou catástrofe urbana sofrida. 6 E MEIA nos mostra que são nossos os órgãos fraturados quando a cidade se espatifa em si.
Há nessas obras algo para além de cômico. Para além de belo. Crítico e, ao mesmo tempo, leve.
Parem tudo e olhem pra Ela! A boca do lixo não cala, faz-nos rir de nós mesmos: Refletirmo-nos - qual espelho a nos ironizar e salvar. Em plena hora do rush, o vilão agora se assombra. O relógio urbano bate 6 E MEIA em qualquer parte.
É hora de matar o tempo – com o veneno da arte.
http://www.6emeia.com/
(Texto de Chuí para a exposição de fotos do projeto 6EMEIA de Leonardo Delafuente e Anderson Augusto/ foto: intervenção do grupo 6EMEIA)
9 comentários:
Oba! Fiz o primeiro comentário!
Belo texto!
A arte também pode ser pensada como um modo de assimilarmos de modo mais doce o que há de árido em nós mesmos, nossas bocas de lobo.
Abraços,
Hamer
Que criatividade, putz!!!
Bom seria, também, se os fumantes fossem todos assim: 'desenhos' - ainda que não fossem arte!
(Menos CFC's seriam liberados para a contribuição do aumento do - outro - grande buraco, né?!)
Beso, Fer!
Adorei!
Fernando,
Fico constrangida de perguntar, porque já sei do que és capaz, mas quero saber se desses shows tem CD. Ou DVD. Ou se o Sul está nos planos de vocês.
Adorei o trabalho do 6EMEIA.
Grande abraço,
Urânia
Oi Chuí, mais uma vez não consegui te ver cantar, que pena, sei que perdi muito por isso. Mas é como o Projeto 6emeia diz, estamos sendo tragados pelo concreto, pela urbis. Adorei esse grafite, você sabe onde fica? Beijo
muita criatividade e muita força tem esse texto
parabens
fe, que legal esse projeto!
obrigada pelo comentário no blog, também me emocionou.
Beijo grandao
Lu
meu, ligou uma reporter da espanha q citou o teu nome.
fez uma entrevista sobre os bueiros.
legal ne? teu blog repercutiu bem!
parabens!
e valeu!
Olá!
Temos interesse em grafitar uma parede e gostaríamos de saber se vcs fazerm esse trabalho e conversar sobre valores.
Por favor entre em contato.
Tel. 50521569
Patrícia
Olá,
moro na vila madalena e em frente a minha casa existem três bueiros, o que acham de dar uma cara nova à eles.
Se puderem, façam contato: alencar.edna@gmail.com
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